sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estádios para a Copa ou para o país?

Por Erich Beting – UOL Esporte e Máquina do Esporte

É sempre importante lembrar essa questão para um país que abrigará a Copa do Mundo. O maior risco que o Mundial pode representar é de que as exigências da Fifa tornem-se obrigação para que as cidades-sedes planejem megaestádios que depois do Mundial deixarão de ser usados, tornando-se enormes prejuízos para os seus administradores.

As edições desta quinta-feira, 14/10, de "Folha de São Paulo" e "O Estado de São Paulo" trazem matérias alarmantes sobre o futuro do Brasil pós-2014. No "Estadão", a promessa da Fifa de que, após o dia 31, quando se define quem serão o presidente e os governadores até 2014, começará a intensificar a cobrança para que os estádios fiquem prontos. Na "Folha", uma reportagem mostra que, até o final do ano, os dez estádios da Copa da África só serão usados 20 vezes nas quase 100 partidas da liga local. Ou seja, os estádios não atraem o interesse dos clubes. Mais preocupante ainda é a constatação de que o Soccer City, construído com financiamento público dentro de todos os padrões da Fifa, já abrigou uma partida do Orlando Pirates para apenas 5 mil pessoas (cabem 84 mil no local).

A realidade do pós-Copa é o que deveria ter balizado os projetos de estádios brasileiros. Não temos de fazer o Mundial pensando exclusivamente nas exigências da Fifa. Elas devem existir para aquele mês em que acontecem os jogos, mas depois disso quem tem de mandar em capacidade de assentos, número de camarotes e afins é a realidade local. Com quase todas as arenas da Copa-14 sendo públicas, o problema é ainda maior. Dinheiro da população para receber algo para o qual ela não foi previamente consultada se deseja ter, além de um enorme ponto de interrogação sobre o futuro dessas arenas após o furacão do torneio.

Os estádios, para a Copa, terão de receber, no máximo, sete jogos durante o período de um mês. Será que é preciso tanto investimento para isso? A demanda, depois do evento, continuará sendo parecida com a do período da Copa?

No mesmo dia 31 de outubro, o Brasil completará três anos de escolha da sede do Mundial. Faltam menos de três anos para o início da Copa das Confederações. Do jeito que está, seria melhor o país abdicar do direito de abrigar o evento. Porque é cada vez mais preocupante a imagem que vamos deixar para quem estiver por aqui em 2014 e o tamanho da conta que vai ficar para nós por conta dos estádios construídos para a Copa do Mundo.

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