quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Desalento para os profissionais de marketing esportivo


Por José Estevão Cocco

Não sei como está o clima na Argentina com o cancelamento do jogo Argentina x Brasil, na cidade de Resistência. Mesmo sem considerar a gritaria da oposição, imagine se acontecesse no Brasil.

Não tem o menor cabimento, nos tempos atuais, tamanha falta de planejamento, logística, operacionalidade, atendimento ao consumidor e à mídia. Um evento tão importante, como esse Segundo Superclássico, ser cancelado na hora do jogo por... falta de energia elétrica no estádio!

Um jogo da envergadura de Argentina x Brasil, aliás, como muitos eventos, não foi tratado com o devido respeito profissional pelos seus realizadores.

O espetáculo foi deprimente e desalentador para nós profissionais de sportainment. Por mais que lutemos para a profissionalização do setor, somos surpreendidos diuturnamente por falhas gritantes na organização de eventos.

Pode-se imaginar o enorme prejuízo para os realizadores e, muito mais, para a imagem da Argentina, que utilizou o evento numa troca de favores políticos.

Sem falar na mídia que já tinha vendido a transmissão e cobertura jornalística do evento. E sem falar, também, nos espectadores locais.

Mais um exemplo para o Brasil acelerar e tomar medidas técnicas e profissionais, em vez de políticas e ôba-ôba, na realização da Copa 2014 e Jogos Olímpicos 2016.

José Estevão Cocco é presidente da Academia Brasileira de Marketing Esportivo (ABRAESPORTE). 

terça-feira, 5 de junho de 2012


Saber o que o mercado anseia, é meio jogo realizado

"A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira"

A Felicidade - Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim

Por José Estevão Cocco

Não basta ao Brasil mostrar ao mundo que tem capacidade de organizar um evento do tamanho da Copa do Mundo. Sem demérito nenhum, até a África do Sul, sem qualquer tradição no futebol, conseguiu organizar a contento o grande evento, embora com alguns tropeços.

Diríamos até que é muito simples. É só acompanhar o que vários outros países fizeram. Construir alguns elefantes brancos, fazer alguns ajustes, algumas adaptações às condições locais e mostrar ao mundo a capacidade de realização.

Embora o grande momento da Copa do Mundo, para os países sedes, seja o período efetivo dos jogos, quando a visibilidade internacional é imensa e extraordinária, é preciso que os países se conscientizem de que é uma oportunidade única e rara para precipitar as decisões de realização de inúmeras obras sociais.

Não podemos pensar apenas no período dos jogos e objetivar todas as ações e obras para aquele período.

O Brasil como nação, com seus estados, municípios, empresas, profissionais e cidadãos, precisa ser motivado a partir de já e aproveitar para alongar o "mês de feliciadade" para um período muito maior.

E não, como diz o poeta: "tudo terminar na quarta-feira".

Essa "felicidade" é proporcionar ao cidadão brasileiro muitos motivos de orgulho e de oportunidades de carreira profissional.

Dando oportunidade de formação, treinamento e encaminhamento.
Muitas e muitas pessoas se confundem sobre o que é marketing esportivo. É a pergunta que mais ouvimos.

Devemos dizer segmento de marketing esportivo ou segmento esportivo do marketing? Lógico que é a segunda opção.

Dessa forma, embora com necessidades específicas, o marketing esportivo deve ser exercido por profissionais de uma grande cadeia do mercado: administradores, gestores, treinadores, produtores de eventos e espetáculos de entretenimento entre vários outros.
A visão do mercado e de mercado desses profissionais é fundamental.

As oportunidades vêm do mercado para a empresa e não da empresa para o mercado. A Lei da Oferta e da Procura já foi revogada há muito tempo. Hoje é Lei de Procura e Oferta.
O que mais sentimos falta no segmento esportivo do marketing é a oferta de administradores e gestores com foco em marketing.

Pesquisa, planejamento, serviços de marketing, gerentes de produto, administradores de projetos, analistas de mensuração e resultados falando a linguagem de ROI, entre tantas outras necessidades.

O Marketing das Cidades é uma oportunidade atual e fundamental para o melhor desenvolvimento delas.

O que o cidadão espera, o que ele mais valoriza, qual a vocação da cidade - indústria, serviço, turismo etc - quais as prioridades de investimentos que vão mais ao encontro dos desejos e anseios do cidadão, nas suas mais diferentes fases de consumo: etária, educacional, cultural...

A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos já chegaram e estão aí para propiciar às cidades motivação e oportunidades ímpares para fazer seus munícipes se orgulharem da cidade, dos seus administradores e de seus gestores.

Dos 5.565 municípios brasileiros, neste momento, apenas e tão somente 12 serão sedes da Copa do Mundo. O que poderão fazer os outros 5.553 para aproveitar e, principalmente, criar oportunidades mais perenes.

Observamos, pelo Brasil afora ou adentro, centenas de Comitês Pró-Copa, que têm em seus planejamentos apenas construção de estádios, estrutura urbana, transporte, aeroportos, portos.

O que não se observa é a real necessidade de aplicação dos conceitos de marketing na sua plenitude. O que o mercado quer e precisa e de como eu - poder público, privado, profissional ou cidadão - posso oferecer a solução. Ganhando dinheiro ou prestígio ou servindo a minha cidade.

Se for para felicidade geral da nação, a minha marca patrocina.



Por José Estevão Cocco

No último jogo da seleção brasileira de futebol, realizado, em setembro de 2011, contra a Argentina, na cidade de Belém-PA, o Brasil inteiro percebeu a importância do esporte na vida de um povo.

Nos momentos esportivos, os torcedores vibram, gritam, extravasam alegria esquecendo, mesmo que por breves momentos, a situação do mundo, do país, deles próprios.
Circo para o povo? Muito longe disso. Belém viveu quase uma semana inteira de felicidade.
De breves momentos em breves momentos o sportaiment vai agregando valores às marcas a ele linkadas.

No episódio de Belém, as empresas presentes no estádio, fora dele, nos merchandisings, nos patrocínios de televisão, silenciosamente tiveram um grande upgrade nas suas marcas.
O Brasil inteiro se emocionou com um dos maiores corais do mundo cantando um hino nacional ao vivo.

Enquanto todos nós acompanhávamos emocionados e embevecidos o raro espetáculo, as câmeras registravam as presenças das diversas marcas em placas, camisas, faixas, semblantes tornando-as parte integrante da festa.

Que valor tem isso? Incomensurável.

Quando o espetáculo é adequado, bem organizado e divulgado, o resultado sempre aparece. A adequação independe da qualidade suprema. Em Belém foi um jogo com personagens coadjuvantes, conforme a crítica futebolística classifica. Mas foi na medida para o mercado local, que transferiu para todo o Brasil, Argentina e muitos outros países o emocionante espetáculo.

Imagine na Copa do Mundo.

 

Passando a sacolinha: e o dia em que as padarias começarem a não fornecer mais o saquinho do pão?


Por José Estevão Cocco

Para os profissionais de marketing mais experientes o episódio do fim do fornecimento de embalagens para acomodação e transporte dos produtos adquiridos em supermercados tem objetivo completamente diferente do que a preservação do meio ambiente.

Lógico que é uma maneira de redução de despesas ou aumento do lucro. Mesmo que fosse real e sincero, o argumento de defesa ambiental não se sustenta, tal o desdobramento da reutilização das tais sacolinhas. Se fosse, os supermercados não precisavam tomar a medida em cartel.

As sacolinhas não eram e não são distribuídas de graça. Longe disso. Estão e sempre estiveram embutidas nos preços dos produtos.

Lógico! Cristalino!

Está próximo o dia em que outros segmentos varejistas poderão rever seus custos e, consequentemente, tentar cobrar dos clientes o valor das embalagens.

Proporcionalmente, o custo do saquinho de papel – esse sim biodegradável - fornecido pelas padarias é muito maior do que as sacolinhas dos supermercados. Calcule o valor de um saco de papel sobre uma compra de cinco pãezinhos franceses e compare com os saquinhos fornecidos pelos supermercados.

E as pizzas entregues em domicílio, vamos ter que ter embalagem de troca? Como se fosse um botijão de gás? Vamos voltar ao tempo de trocar os vasilhames de bebidas?

O custo das embalagens está incluído na formação de preços. O custo do vasilhame está incluído no preço das bebidas. Assim como a embalagem da lasanha, do corte de carne, da verdura selecionada, da lata de ervilha, da pizza congelada ...

O próximo passo é passar a não fornecer mais o empréstimo dos carrinhos? Assim como nas feiras livres, cada um que leve seu carrinho. Aliás, por falar em feiras livres, todas as barracas fornecem sacolinhas de transporte.

A APAS e seus associados cometeram um grande equívoco ao tomarem tal medida em formato de cartel.

A maioria dos consumidores que vai aos supermercados, não vai de carro nem se dirige especialmente a eles, saindo do trabalho e “passando” no supermercado. Necessitará levar ao trabalho suas sacolas. E andar com elas. É a volta da marmita.

Entendo que o problema criado pela APAS e seus associados está longe de ser resolvido. Tal a celeuma levantada, os supermercados correm o risco de transformar o fornecimento de embalagens de transporte de forma promocional. Numa compra de, digamos, R$ 50,00, a compra de cinco sacolinhas biodegradáveis ao custo de R$ 0,59 cada significa 5,9% do valor da compra, percentual extremamente alto para a quase totalidade da população que vive à procura de preços mais baixos. Isso é tão verdade que toda a propaganda dos supermercados é feita baseada em “preços mais baixos e ofertas”.

Igualmente aos programas de milhagem das companhias aéreas, que, face à concorrência, hoje são praticamente obrigadas a ter seus programas de milhagem que deixa de ser uma vantagem competitiva para ser uma despesa, os supermercados, a curtíssimo prazo, vão fazer promoções com o fornecimento de embalagens de transporte.

Com certeza, a propaganda fará isso como um grande diferencial competitivo, só que agora com uma sacolinha muito mais cara do que as que foram tiradas de circulação, pelo simples motivo de que as novas deverão ser biodegradáveis.

Como praticamente tudo no Brasil, mais uma medida intempestiva, sem planejamento ou qualquer estudo de viabilidade mercadológica ou da reação do consumidor.

Acho que os supermercados precisarão enfiar a viola na sacolinha e dormir com a péssima imagem que ficaram com os seus clientes. Principalmente num segmento de consumidores que são fiéis apenas aos preços, que é a imagem que os supermercados insistem em construir.

A ida ao supermercado passou a ser mais um grande problema para o consumidor.
Quando passarão a cobrar pelo estacionamento?

O spam e a indústria da propaganda


José Estevão Cocco

Um verdadeiro massacre da propaganda profissional, ética e remunerada está tomando vultos nunca imaginados.

O Marketing Direto praticamente sempre existiu. Centenas de milhares de "malas diretas" eram postadas sistematicamente. Com o advento da informática foi possível a segmentação extrema das listas utilizadas. Estudadas, aperfeiçoadas sempre através dos retornos obtidos. Estudos de viabilidade eram feitos à exaustão. Retorno de 1% é viável? O break even é alcançado com que retorno? Que custo deve ter o material versus retorno? Tudo era feito por grandes especialistas como ... As listas eram obtidas de forma ética, através de atividades promocionais. Como o custo dos materiais e, principalmente, dos Correios eram muito altos os envios eram parcimoniosamente feitos.

Com a chegada da internet e a utilização dos famigerados SPAMs os pequenos, médios e grandes anunciantes já não fazem suas tradicionais veiculações nos veículos com mídia paga nem através de malas diretas bem estudas, bem leiautadas, realizadas por profissionais altamente requisitados.

A comercialização de listas de e-mails piratas, fajutas, sem autorização e completamente em desacordo com legislação, acordos, normas e outras corre leve, livre e solta. Diariamente recebemos ofertas de "milhões de endereços de e-mails" por valores incrivelmente baixos. Qualquer pessoa pode comprar essas listas e poluir cada vez mais o universo da internet, entupindo as caixas de entrada e/ou de lixo eletrônico.

A comercialização de listas é proibida. Mas, e daí? Não temos qualquer notícia das associações de classes de propaganda, promoção, marketing direto, comunicação e de veículos realizarem alguma atividade para coibir esses abusos.

O Código de Autorregulamentação para prática de E-mail Marketing da ABEMD permite a contratação de "Parceiros": (Art.1º. O presente Código tem por objeto definir as regras a serem seguidas para a utilização de email como ferramenta de marketing, de forma ética, pertinente e responsável, sem prejuízo da concomitante aplicação da legislação vigente aplicável... X- Opt-in - é a permissão prévia concedida pelo Destinatário e comprovável pelo Remetente, autorizando o envio de E-mail Marketing por um determinado Remetente;...XI- Opt-out - forma disponibilizada e informada na mensagem de E-mail Marketing para que o destinatário exerça o descadastramento da respectiva Base de Destinatários;...XII- Parceira  Pessoa física ou jurídica que contrata uma ação de E-mail Marketing para uma base de destinatários do Remetente, que detém o relacionamento e gerenciamento das ações de E-mail Marketing.)

Sabe o que isso significa? Significa que qualquer empresa, em nome da parceria, pode adquirir centenas e centenas de listas de um sem número de empresas emissoras de e-mails. A maioria dessas listas não obedecem aos critérios éticos e legais nem a qualquer código de ética.

Daí, você receber um e-mail de ofertas de varejo, por exemplo, de uma empresa - normalmente grandes varejistas - e em seguida receber o mesmo e-mail com as mesmas ofertas de dezenas de "parceiros".

Não sou contra o envio de e-mail marketing. Mas só recebo da lista original do anunciante, com sua identificação e minha autorização em constar da lista. Me recuso a receber de "parceiros" o que quer que seja. Simplesmente porque eles comercializam o meu nome e endereço sem qualquer autorização minha.
Dentre as normas, existe a exigência de colocar o e-mail de forma visível e acesso facilitado uma forma de quem está recebendo o e-mail solicitar o descadastramento (opt-out).
Só que, de forma sorrateira e sacana, eles descadastram somente daquela lista especificamente. Por exemplo ListaXYZ-10. Dessa forma a ListaXYZ-11 vem novamente com o cadastro.

O envio desvairado de SPAMs de forma fraudulenta e sem qualquer ética, faz com que muitos anunciantes deixem de utilizar os veículos éticos. Principalmente o varejo.
Com a palavra a ABEMD, AMPRO, FENAPRO, ABAP, ABA, PROCON, VEÍCULOS ESPECIALIZADOS e infinidade de outras associações que devem tratar desse verdadeiro insulto que é o envio de SPAMs de forma totalmente predatória.

No próximo artigo, vamos abordar os sites de venda de produtos milagrosos que se fazem confundir com sites jornalísticos e informativos quando, na verdade, são apenas formatos de angariar vendas.

Copa do Mundo. A bola já está com o Brasil. Agora é pra valer.

José Estevão Cocco

Invariavelmente, quando se fala em Copa do Mundo de Futebol, todos se voltam para julho de 2014, período de realização dos jogos do maior evento internacional.

Mas, quem ainda não começou a pensar em aproveitar as oportunidades geradas pelo evento e, principalmente, pela expectativa gerada no mercado, está perdendo muito e precioso tempo. Especialmente, as pequenas e médias empresas, que poucas oportunidades terão durante o período dos jogos.

A Copa do Mundo no Brasil já começou desde o sorteio do país pela FIFA. Mesmo os grandes patrocinadores e empresas fornecedoras e licenciadas pela FIFA, apesar de terem toda a exclusividade e proteção de marca, já se movimentam para aproveitar o expressivo mercado gerado.

Durante os jogos, o período é extremamente curto para que quaisquer projetos ou ações sejam rentáveis. É preciso esticar esse período. As vendas de Natal, por exemplo, embora sejam anuais, começam bem antes do dia 25 de dezembro.

Assim precisa ser encarada a Copa. O mercado de marketing esportivo está crescendo substancialmente no período que antecede o Mundial. A infraestrutura necessária já está começando a ser construída. Aí, já existem inúmeras oportunidades também para as pequenas e médias empresas como cofornecedoras.

Embora não possa ser considerado o maior do mundo em termos financeiros e econômicos, o futebol brasileiro, pelos milhões de torcedores apaixonados, é de suma importância no país. Os clubes brasileiros vêm aumentando, ano a ano, suas receitas com patrocínios, licencing e outras ações mercadológicas. Aí, também, já se vislumbra mais uma grande oportunidade para pequenas e médias empresas terem produtos licenciados, por exemplo.
A área de Esporte Total da Crowe Horwath RCS publicou uma análise, segundo a qual o mercado brasileiro de clubes de futebol teve uma movimentação de cerca de R$ 800 milhões, em 2003, chegando a mais de  R$ 1,7 bilhão, em 2008. E prevê que poderá superar a marca de R$ 3 bilhões no final de 2014.

A Ernst&Young divulgou um relatório onde prevê que, de 2010 até 2014, serão injetados na nossa economia R$ 142 bilhões, R$ 62 bilhões de renda no mercado de trabalho e criação de 3,6 milhões de empregos por ano.

Portanto, a realização da Copa do Mundo no Brasil é uma perspectiva excelente para o mercado esportivo, desde a construção de estádios, infraestrutura, clima gerado entre os consumidores, torcedores ou não, principalmente pelo grande interesse da mídia.

Tempos atrás, antes do desenvolvimento da informática, os funcionários e colaboradores mais importantes das empresas eram aqueles que dispunham e detinham as informações. As informações da própria empresa e do mercado eram de difícil obtenção e eram manipuladas e comercializadas como produtos. Só as grandes empresas internacionais detinham dados de mercado, de consumo, de mídia, de tendências de hábitos de consumo entre muitos outros.

Hoje, os funcionários e colaboradores das empresas mais requisitados, valorizados e disputados são aqueles que sabem tirar o melhor proveito das informações. Os criativos. Em planejamento, desenvolvimento de produtos, comunicação, comercialização em toda a abrangência do marketing.

Praticamente todas as matérias, artigos e opiniões publicadas sobre a Copa de 2014 falam e exibem números. Isso é o que eu chamo de informação. Dados. Referências.
Mas como aproveitar todas as oportunidades que esses números proporcionarão às pessoas e empresas?

Aí está a grande oportunidade dos profissionais de marketing e das médias e pequenas empresas. Como interpretar essa grande quantidade de informações. São quatro anos de chances e oportunidades: transporte, turismo esportivo, turismo receptivo, arenas, espaços comunitários, treinamento e qualificação de mão de obra, cursos, faculdades, escolas, marketing, comunicação, segurança em eventos, captação de recursos (leis de incentivo), entretenimento, alimentação, licenciamento, telecomunicação, mídia entre muitos e muitos outros.

Três anos até a Copa. Cinco anos até os Jogos Olímpicos Rio 2016. E décadas depois disso. Porque, a partir de 2017, o Brasil estará num patamar muito mais alto em marketing esportivo. Teremos um mercado muito mais desenvolvido e profissionalizado.
As empresas mais observadoras, profissionais e criativas terão os melhores resultados. Os números estão na internet. A criatividade na mente de cada um.

Consultor vê falta de mão-de-obra qualificada em gestão desportiva


Por Rodrigo Capelo - Máquina do Esporte 

O Brasil vive década inusitada. Irá receber, em intervalo de três anos, eventos como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Essa maratona de eventos internacionais, por motivos óbvios, cria oportunidades de negócio para inúmeros segmentos. 

A gestão e o marketing esportivo, entretanto, ainda estão devendo, segundo especialista da área.

Há 50 anos no mercado, José Estevão Cocco vê na realização das competições a oportunidade de livrar o país do que chama de "paraquedistas", pessoas que ingressaram em gestão desportiva sem a capacitação necessária para aplicá-la. "Não por demérito ou maldade, mas não são bons profissinoais, capacitados para fazer marketing esportivo com todas suas condições e qualidades", justifica o consultor.

O movimento inverso, para o gestor, praticamente inexiste. Em outras palavras, Cocco considera bastante improvável a possibilidade de a Copa e os Jogos Olímpicos causarem algum prejuízo ao Brasil. Os únicos prejudicados, avalia, serão os paraquedistas. Isso se, claro, o governo brasileiro executar todas as obras de infraestrutura e não se concentrar apenas em enormes estádios, na opinião do especialista.

Nesse sentido, o atual presidente da Academia Brasileira de Marketing Esportivo (Abraesporte) critica as imposições de tamanho das arenas feitas pela Fifa, entidade máxima do futebol, com menção positiva ao São Paulo, que recusou reformar o estádio Morumbi além do desejado. "Eles estão corretíssimos", prossegue. "O dinheiro investido é rentável? Tem retorno? Para o clube, não é negócio".

Em entrevista à Máquina do Esporte, Cocco ainda apontou o Corinthians como o time que tem aproveitado melhor o potencial dos eventos a serem realizados, rechaçou a utilização do modelo de naming rights para viabilizar a construção de novos estádios no Brasil e sugeriu a aplicação de um "ficha limpa", norma aplicada à política brasileira, no esporte.
Confira, a seguir, a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Quais são os principais benefícios que eventos como a Copa podem levar ao marketing esportivo brasileiro?

José Cocco: Há uma infinidade. Para o marketing, principalmente, há a profissionalização do setor. O marketing esportivo ainda engatinha no Brasil. Temos muitos ditos profissionais no meio que, na realidade, não são. Não por maldade ou demérito, mas não são bem treinados, capacitados para fazer o marketing esportivo, aplicá-lo com todas suas condições e qualidades. Quando chegar 2017, o marketing esportivo vai estar em outro patamar, tanto de profissionalização quanto, no caso de empresas, em tamanho e respeitabilidade, porque vamos ser obrigados a realmente nos profissionalizarmos. Haverá concorrência muito grande de multinacionais. Empresas grandes de marketing e propaganda estão vindo para cá e estão criando braços de marketing esportivo. Nós estamos sendo assediados por algumas empresas estrangeiras para fazermos associações.

ME: Há algum prejuízo?

JC: Prejuízo, não. Só irá trazer benefícios. Prejuízo é muito difícil de acontecer porque irá acabar um pouco com os paraquedistas do meio. Se for para ter prejuízos, eles terão. Mas, em geral, as empresas de marketing esportivo só têm a ganhar.

ME: O Estado de São Paulo tem enfrentado alguns problemas para definir o estádio para a abertura da Copa do Mundo de 2014. Qual seria um modelo de negócio possível para viabilizar essa escolha?

JC: Vou me incluir nessa polêmica. Quando se faz um projeto, é preciso pensar no mercado e não simplesmente em quem constrói. Pensar no mercado de maneira geral. Temos uma porção, muitos exemplos no mundo inteiro de que estádios no tamanho que a Fifa exige são inadequados na maioria das cidades. Se já tem estádio grande, não pode construir. Um dos dois vão micar. Há matérias de que o Corinthians não quer o Piritubão porque o público médio do Corinthians não iria aparecer. Não sou eu quem está falando, é o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Como ele iria manter um estádio com 70 ou 75 mil lugares? É inviável. Aí o pessoal fala em shows, mas isso não sustenta. Um complexo muito maior como o Allianz [na Alemanha] tem o local para o jogo de futebol e mais uma série de utilizações. 

Mas aqui em São Paulo, sem torcedorismo, sem bairrismo, não se pensou nessas utilizações. O São Paulo está corretíssimo [em aceitar a pressão da Fifa e ampliar o Morumbi além do desejado]. Ele não pode ampliar como a Fifa exige, não se trata de ter o dinheiro ou não. Esse dinheiro é rentável? Tem retorno? É nisso que se tem que pensar, porque depois o clube é quem fica com a dívida. O que a Fifa exige é um tamanho que não tem condições. As instalações para a imprensa, a área VIP, os camarotes são coisas que dificilmente podem ser utilizados [com a capacidade total preenchida]. O Allianz tem 500 lugares para jornalistas e só 10% é usado em jogos normais.

ME: O senhor acredita que o governo brasileiro esteja planejando a infraestrutura pensando no pós-Copa, a fim de evitar elefantes brancos?

JC: Tudo o que se fizer para a Copa ou tendo como objetivo a Copa, não pode ser feito só por causa da Copa. A Copa vai precipitar a construção e viabilização de uma porção de coisas que teriam de ser feitas antes ou depois. Aeroportos, transporte urbano, instalações públicas. Isso é um legado. Isso vai ficar para a população. O estádio, o elefante, não é legado. De certa forma, a Copa e os Jogos Olímpicos são absolutamente feitos com dinheiro público e o que for utilizado tem que atender às necessidades da cidade, do país, menos estádios grandes.

ME: Em relação à Copa do Mundo, o senhor acredita que os clubes estejam aproveitando todo o potencial que o evento possui?

JC: O próprio Paraná, o Atlético Paranaense, está pensando muito no que fazer. Eles têm que fazer todo o investimento. Para o clube, não é negócio. Mesmo se tiver dinheiro, vai pagar com o que depois? O pessoal diz que naming rights paga, que exploração com shows paga, e não é bem assim. Se por na ponta do lápis, não bate a conta. Naming rights não pegou no Brasil e dificilmente vai pegar. No Kyocera [ex-nomenclatura da Arena da Baixada, no Paraná], não pegou. Não importa se trabalharam errado ou não, mas não pegou. Se sair Piritubão, não vai pegar naming rights porque vão chamar de Piritubão, assim como chamam de Morumbi, Pacaembu. Então para os clubes aproveitarem, eles têm que pensar. Quem está tirando mais proveito é o Corinthians. No bom sentido, sem qualquer demérito, pelo contrário, eles estão tentando obter um estádio. Se construir um segundo, quem irá explorar? Só o Corinthians pode, sobra para ele. Mas, mesmo assim, o presidente não quer arcar com manutenção.

ME: O Brasil tem repatriado nos últimos anos jogadores como Ronaldo, Adriano, Robinho e agora há a possibilidade de ter Ronaldinho Gaúcho novamente. Em termos de gestão, o que esse movimento indica?

JC: Não sei se estão melhorando, é questão de oportunidades. Temos no vôlei a repatriação de muitos, mas não é porque o Brasil está pagando mais. É porque lá [na Europa], com a crise, deixaram de pagar valores maiores. Quem está sendo repatriado são jogadores em fim de carreira ou para se revalorizar, como Robinho, que não chegou no auge, ou algo do tipo do Ronaldo, que não tem mais chance de jogar em times de ponta europeus. Corinthians fez um bom negócio? Ótimo negócio, falando como marketing. Não vejo como técnico ou como quem arruma o time, mas no marketing foi uma tacada muito boa, uma oportunidade muito boa. Com o Ronaldinho Gaúcho pode acontecer a mesma coisa. Ele é um astro. Vai trazer público, patrocinadores, independentemente de jogar ou não. Aliás, os grandes não contratam só o jogador técnico, mas também o nome que vende camisas, patrocínios, ingressos. Perna de pau, logicamente, não tem espaço. Mas, sendo bom jogador e tendo boa marca, é por aí. O que acontece no Brasil é o retorno do pessoal que ficou três anos, não se deu bem e vem para cá por empréstimo para ver se volta à forma, de maneira a dinamizar a presença dos jogadores. Nesse sentido, é bem legal. Os clubes estão aproveitando bem. Para cada time, não importa quem vem e não importa a razão, é um acontecimento.

ME: Na Europa, a Uefa criou regras de gestão para clubes, como impedir que possuam mais despesas que receitas. Como o senhor vê esse tipo de intervenção?

JC: Tem que existir. Principalmente no Brasil, onde não tem atividade, postura profissional de administração dos clubes. A maioria deixa dívidas para a outra direção. O Timemania poderia ter zerado isso mas não foi para frente. Então fica muita dívida. Se pegar os europeus hoje, a maioria está trabalhando no vermelho. Estão jogando a conta para frente porque se entrar o fator paixão tem que ganhar de qualquer maneira. O clube vive de performance e não tem patrocínio quando não tem bilheteria. Essas regras a própria Timemania impôs. Para ela pagar, ninguém pode ser dono de clube. Na Europa ainda tem, nos Estados Unidos, empresas que são donas de clubes. São administradores como empresas, mas aqui ninguém é dono de nada. Dirigentes com 50 anos de cartolagem e não saem de jeito nenhum. Federações, Confederações, de maneira geral, têm gente que se instala e não sai de jeito nenhum. Lá existe sistema de votação para quem não tiver regras claras, quando a própria empresa tem prejuízos ou quando entra em falência. Não adianta dizer nada se estiver dando prejuízo há cinco anos, a legislação cuida disso. No esporte, não pode ser diferente. Tirando a parte demagógica, de ingresso barato e futebol popular, o que não ajuda em nada. A maneira mais efetiva tem de ser perene, para que tudo possa melhorar. Se tivermos todos os estádios que estão falando, terão de acontecer bons espetáculos para se ter um público mínimo.

ME: No Brasil, é possível e viável que a CBF crie normas similares?
JC: Acho que é possível. Lógico, tem que ter a vontade política de fazer. Para nosso esporte, temos que ter um "ficha limpa", senão a corrupção, o aproveitamento, o desleixo com o dinheiro vão continuar. Alguém tem que criar esse movimento para que possamos reverter esse estágio que está o esporte administrativo. O próprio Andrés [Sanchez, presidente do Corinthians] declarou que o público médio é de 25 mil pessoas. Pode? A maior torcida do Brasil. Se faz a média do Paulista, dá 10, 12 ou 15 mil. Com custo barato. Isso não dá para sustentar o esporte e fazê-lo progredir. De anos para cá, eu diria 5 ou 6 anos, pouco mais, a administração dos clubes está se profissionalizando. Hoje, bem ou mal, a maioria dos clubes tem um departamento de marketing, planos econômicos e financeiros. Tem mais gente profissional trabalhando nesse sentido com o objetivo de ser mais claro, transparente.

ME: Muitos clubes na Europa e alguns na América do Sul tem aberto o capital em bolsas de ações. Qual sua opinião sobre esse tipo de modelo de gestão?
JC: Acho que o clube-empresa, quando se torna empresa, perde uma porção de regalias fiscais. Senão todos já seriam empresa. Mas aí tem de passar a ser cobrado como empresa, pagar impostos, e acaba ficando mais caro. Se ficar mais caro, vai sobrar para a receita do clube, que teria de aumentar e obrigar a profissionalização. Só que tem de ser a mesma regra para todos. Não pode ter clube-clube e clube-empresa. Ainda não pegou, por isso mesmo. Na empresa, o diretor é responsabilizado pelo capital social. Da maneira que está, só agora começa a responsabilidade de diretores por desmandos. Mas sou totalmente favorável a isso. Administração diferenciada de empresa com algumas regalias, mas com regras claras e legislação específica, transparência e contabilidade clara.

Maracanã. O estádio de 1 bilhão de dólares que nunca ficou pronto


Por José Estevão Cocco

A foto em preto e branco, da internet, mostra o Maracanã lotado, no dia da sua inauguração em 16 de junho de 1950.

Como se nota claramente pela foto não estava terminado. As obras só foram consideradas prontas em 1965! Numa palestra brilhante de meu amigo Francisco Eduardo Del Rio Andrade - Chico Andrade - ele tece considerações sobre o canteiro de obra externo e vários lances de arquibancadas ainda com escoras.

Desse dia até hoje o Maracanã nunca ficou pronto. Apesar das fabulosas quantias investidas nas várias e constantes reformas. Considerando o seu custo de construção, as inúmeras e infindáveis reformas, incluindo a atual, chega-se ao redor de US$ 1 bilhão. 1 bilhão de dólares!
Notem na foto da inauguração. Depois de 2 anos de obras e 3 da licitação, não foi entregue. 

Nem por dentro nem por fora. Aliás, o que mais é entregue no Brasil é o por fora.

Será que o mesmo acontecerá na Copa de 2014? Acho que não! Quando o prazo ficar inviável choverá recursos públicos, contratações sob convites, igualzinho ao que as emissoras de televisão vêm mostrando em suas constantes reportagens sobre corrupção.

O Engenhão, por dentro e por fora custou US$ 250 milhões. Com o valor somente da última reforma do Maracanã, dava para fazer 4 engenhões. Precisamos ter cuidado em falar dessa forma para não dar a chance deles falarem que o Engenhão custou muito barato. Ou que os estádios europeus custam muito menos porque não têm o custo Brasil. Por dentro e por fora.

Afinal, o que o Brasil quer da Copa do Mundo?


Por José Estevão Cocco

Botar a mão na taça não é objetivo do país. É da seleção.

Qualquer empresa, quando faz algum investimento, tem objetivos muito claros. Entre eles, podemos ter aumentar a produção, melhorar a qualidade do produto, treinar seus colaboradores, dar melhores condições de trabalho e sociais aos seus funcionários, melhorar a imagem institucional, melhorar a imagem dos produtos, lançar novos produtos, além de muitos outros.

Definindo o que ela precisa e deve fazer, vai buscar as alternativas adequadas a cada objetivo. Pode comprar novo maquinário, pode modernizar as embalagens e pode fazer uma atividade de marketing com propaganda, promoção, patrocínios e vários outros.
No caso de atividade de marketing, busca no mercado as informações necessárias para que a oferta do produto seja a mais próxima possível das aspirações do seu consumidor. Aliás, antes de colocar um determinado produto no mercado, a empresa já realizou ampla consulta mercadológica para saber que tipo de produto o mercado estava buscando ou precisando.
Vamos supor que o marketing da empresa chegou à conclusão de que deveria fazer patrocínio esportivo. Ou patrocínios esportivos.

Para isso, contratou uma agência de marketing esportivo séria, profissional, com histórico para fazer o planejamento estratégico de qual tipo de patrocínio e evento ela deveria patrocinar para atingir, sensibilizar, encantar e conquistar o seu consumidor alvo.

Nesse planejamento deve constar claramente o objetivo a ser alcançado - pode ser institucional, comercial, social entre tantos outros - o valor a ser investido e o retorno esperado. Dessa forma, a avaliação do investimento poderá ser feita de forma correta. O famoso ROI tão desprezado pelos governos, empresas públicas, estatais e políticos.

Quem poderia me informar - é um desafio público - quais as contas que o governo brasileiro fez para conquistar a realização da copa do mundo de futebol para o Brasil. Quais os objetivos comerciais, institucionais, ou outros levaram o país a buscar o direito de sediar uma copa do mundo?

Posso dar algumas dicas de outros países.

A Alemanha quis a copa para poder mostrar ao mundo, e Europa principalmente, que o povo alemão não é um povo sisudo, mal humorado e mau anfitrião. Quis mostrar que, ao fazer turismo na Alemanha, o turista iria encontrar tecnologia, belezas naturais, bons hotéis, boa cerveja, bons vinhos, bons restaurantes e... um povo alegre, cordial, simpático e acolhedor. 

Para tanto, antes de criar a marca da copa da Alemanha, criou o seu posicionamento: mostrar ao mundo que é um momento de fazer amigos. A frase gerou o logo da copa. Diferentemente do Brasil que criou uma marca sem saber o posicionamento da imagem que o país quer ter no mundo.

A frase da China, durante os Jogos Olímpicos de Pequim, também aproveitou o momento de extrema visibilidade para propor ao mundo: um só mundo, um só sonho.

A África do Sul, por sua vez, utilizou a sua necessidade de transpor seus problemas sociais e raciais com o tema: um lugar para todos.

E o Brasil? O que queremos mostrar para o mundo?
Que somos o país do samba, carnaval e futebol?
Que somos um país de belezas naturais?
Que somos um país de oportunidades comerciais, que temos um potencial de consumo excelente?
Que somos um país tecnologicamente avançado ou quase?
Que vamos fazer os maiores investimentos já vistos em todas as copas do mundo com dinheiro público?

Os profissionais de marketing, os investidores, os patrocinadores, os anunciantes esperam que as autoridades que se apoderaram da Copa, nos deem um norte, para que todos possam falar a mesma linguagem, trabalhar com o mesmo objetivo e somar esforços.
Botar a mão na taça, não é objetivo do país. É da seleção.

O marketing inconsequente


Por José Estevão Cocco

Podemos interpretar "inconsequência" de formas diferenciadas: falta de previsão, falta de planejamento, desconhecimento do assunto e da ferramenta, falta de proposição, desconhecimento dos resultados entre vários outros.
Diariamente, nos deparamos com atividades ditas como marketing visivelmente equivocadas.

Dentre os 4Ps do marketing - Produto, Promoção, Praça e Preço - entendo que o Produto é o principal e fundamental. Sem ele os outros 3Ps não podem existir. Não podemos fazer promoção, distribuição e precificação de um produto que não existe ou que está só no papel. Ou só na cabeça de alguns paraquedistas do marketing e gestão.

O elogiável marketing do Corinthians foi maravilhoso, vistoso, retumbante, audacioso. Conseguiu as melhores verbas de patrocínio do mercado brasileiro.

Só que foi apenas uma jogada inconsequente, de acordo com as diversas interpretações acima citadas. Vendeu ilusão. Vendeu vento. Vendeu embalagem. Mas não tinha produto. Foi utilizada a "parceria" com Ronaldo como a construção de um produto de primeira linha. Vencedor. Vibrante. Sem panelinhas. Mesmo sob o "gerente de produto" anterior nunca convenceu o mercado de forma a se tornar um produto líder incontestável.

Os novos "gerentes de produto" vieram e não conseguiram harmonizar a linha de produção. Os componentes da fórmula nunca se encaixaram. O produto nunca conseguiu existir e entrar no mercado de forma consistente e duradoura. Atividades políticas dos dirigentes sempre iludiram os consumidores com novas promessas, desvios de focos, centenário, estádio...
Os equívocos foram em quantidades que nenhuma marca resiste. Por mais forte que ela seja.
Vai contra qualquer fundamento do marketing o principal dirigente declarar, antes de momentos decisivos, que faria uma alteração radical nos componentes do produto, colocando insumos mais baratos "já que o mercado não exigiria..."

E os consumidores, como ficam?
E os patrocinadores, como ficam?
E os patrocinadores que também patrocinam sem analisar e medir as consequências como ficam com o revés do produto?

Está suficientemente provado e comprovado que ao linkar sua marca ao esporte o patrocinador tem muito mais do que visibilidade. Tem agregação à marca das qualidades do esporte. Jovialidade, competitividade, modernidade, vitória entre várias outras.

Mas também o contrário acontece. E que muitos e muitos dirigentes de marketing de muitos e muitos patrocinadores não dão a devida importância: assim como a marca patrocinadora agrega as qualidades boas também agrega as ruins.

Quando vemos e registramos a imagem de um atleta vencedor exibindo a marca no peito, a imagem que fica indelével nas nossas mentes é que a marca também é vencedora. Isso é muito mais valioso do que a simples visibilidade alcançada. Nesse caso, quanto maior a visibilidade maior o recall.

E ao contrário? Quando um atleta perdedor, cabisbaixo, infeliz, acuado pela mídia exibe a marca no peito o que fica na mente das pessoas? Nesse caso quanto maior a visibilidade pior.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O VERDADEIRO CUSTO BRASIL


Por José Estevão Cocco


Há várias décadas que ouço falar do tal de Custo Brasil.
E também há várias décadas e vários governos que se insiste em desconsiderar o assunto.
Cada vez que a indústria chora, providencia-se uma mamadeira morna e tudo fica por isso mesmo.
De medidas pontuais em medidas pontuais vai se empurrando com a barriga. Medidas protecionistas e reservas de mercado que apenas pioram a situação.

Nos primórdios da Informática, nosso mercado ficou totalmente fechado beneficiando um grupo ou outro. Telefones a preços escorchantes, computadores idem. O contrabando comendo solto. Após esses 20 anos, como não dava mais como segurar, foi semiaberto o mercado. Como não tivemos desenvolvimento no setor, não tivemos produtos nem mão de obra especializada. Agora se fala em subsídios para fabricação de semicondutores no Brasil. Não é o fim da cara de pau!?

Esse exemplo se aplica a centenas de outras atividades. Inclusive e principalmente na indústria automobilística no episódio das carroças.

Esse novo pacote de "bondades" feericamente apresentado como salvação da Pátria, teve a pior repercussão possível. A chiadeira foi unânime.

De que adianta baixar o custo da folha de pagamento de maneira absolutamente enganosa?
O valor da folha de pagamento tem embutidos os verdadeiros e exorbitantes custos da mão de obra no Brasil.

Esses custos englobam o 13º, os 10 dias em dinheiro além dos 30 dias de férias, o famigerado FGTS e os absurdos 60% de multa na dispensa do funcionário relapso e sem qualquer comprometimento com a empresa, desestimulando a meritocracia, os custos obrigatórios com sindicatos patronais e de empregados, o recente acréscimo de mais um mês de aviso prévio de acordo com a quantidade de anos trabalhados, o custo exorbitante e extra de assistência médica apesar do recolhimento ao INSS, os custos de formação da mão de obra - obrigatoriedade do governo, mas arcado pela empresa - que qualificam o funcionário que, depois de treinado/formado vai em busca de outra empresa. Além de tudo isso, as empresas brasileiras ainda são obrigadas pela falta do governo a proverem cursos educacionais e creches, etc., etc , etc...

Mas o pior de tudo isso é o que realmente fica no bolso do trabalhador. Faça as contas subtraindo do total do custo dos empregados o valor líquido que o funcionário recebe! É um absurdo e inacreditável. Menos do que cerca de 30%. Se uma empresa gasta, por exemplo, R$ 100,00 com determinado funcionário, o valor que ele recebe é de menos do que R$ 30,00! O restante é do governo.

Se não existisse essa parafernália toda, os 70% que não chegam ao trabalhador poderiam dobrar o valor líquido de seus salários. Essa sim seria uma maneira de valorizar o trabalho, tirando de circulação os sanguessugas da massa trabalhadora e os burocratas de plantão permanente.

E, ainda, livraria as empresas de seus batalhões de funcionários dos RHs que, por maiores e especializados que sejam, não conseguem acompanhar a avalanche de leis, normas, resoluções, acordos e tudo o mais. Portanto os 20% do INSS, que abatido o percentual do faturamento, viram menos do que 9% e, assim mesmo, para alguns segmentos.

O trabalhador brasileiro é muito "protegido" e muitíssimo mal pago. E caríssimo para a empresa. Vide as estatísticas mundiais recentemente publicadas.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A falta de patrocínio mata o esporte. Será?


José Estevão Cocco


Assim como as crises econômicas são a grande desculpa dos incompetentes, a falta de patrocínio é a eterna desculpa dos dirigentes, administradores e promotores de eventos esportivos para justificar seus desatinos.

Agora mesmo, recebo uma notícia de que a falta de patrocínio acaba de enterrar mais um evento brasileiro.

Quando foi lançada a Lei de Incentivo ao Esporte, federal, todos acharam que ela seria a salvação do esporte brasileiro.

Tive a oportunidade de escrever artigo e realizar o 1º Fórum sobre lei de incentivo, no mesmo momento em que a Lei era feericamente anunciada.

Previ naquele momento que, se não houvesse uma profissionalização dos players do mercado e dos próprios responsáveis pela regulamentação e administração da tal Lei, nada iria mudar. Ao contrário, piorou para as empresas sérias de marketing esportivo.

Qual o motivo? Dizia eu na época que os projetos deveriam atender a duas leis básicas: a Lei de Incentivo e a implacável Lei de Mercado.

Dito e feito. Cerca de 70% dos projetos aprovados para captação micaram e micam na mão dos proponentes, pelo simples e cabal motivo de que o mercado não vai ceder a sua marca, mesmo que não gaste um tostão com isso, para projetos sem começo, meio e fim. Pior, sem credibilidade.

Como o papel aceita tudo e os burocratas e técnicos de plantão também, vêm ao mercado projetos inviáveis técnica e financeiramente.

Faltando objetivos, conceitos, adequação, oportunidade, credibilidade e, principalmente, planejamento.

São projetos completamente ao contrário da principal lei de marketing: os projetos devem vir do mercado para a empresa e não da empresa para o mercado. Foi-se o tempo, e bota tempo nisso, que os produtos e serviços deixaram de ser impostos ao mercado. O custo da mídia atual não permite isso.

Quaisquer produtos, serviços ou eventos sem adequação e sem objetivos mercadológicos cristalinos estão fadados a naufragar. A não ser aqueles bancados politicamente por estatais ou governantes sem a mínima necessidade de salvaguardar suas marcas e suas imagens.

Depois do fracasso, inevitavelmente vem a grande desculpa: a falta de patrocínio matou o meu projeto. E fica a grande pergunta: será que o projeto estava apto a receber patrocínios ou estava baseado na máxima corrente de que o patrocínio paga tudo?

Será?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Investimentos em esportes: como mensurar o impacto nos negócios


Por José Estevão Cocco

Charles Handy, especialista em behaviorismo organizacional, fez um estudo sobre mensuração. Para ele, a primeira etapa é mensurar o que pode ser facilmente mensurado; isso funciona até certo ponto. A segunda etapa é considerar o que não pode ser facilmente mensurado, atribuindo-lhe um valor quantitativo arbitrário; isso é artificial e induz ao erro. A terceira etapa é presumir que algo não pode ser facilmente mensurado e não é importante; isso é cegueira. A quarta etapa é dizer que o que não pode ser mensurado facilmente não existe; isso é suicídio.

Todas as ferramentas disponíveis podem ajudar na mensuração do retorno de investimentos. No entanto, nenhuma delas, isoladamente, conseguirá medir com precisão os resultados alcançados. Não podemos deixar de lado as métricas existentes e nem pretender usar todas simultaneamente. O bom senso e a capacidade profissional dos envolvidos são fundamentais para esse discernimento.

Dentro do tema proposto para esta mesa, “Investimento em esportes: como mensurar o impacto dos negócios”, quero apresentar algo mais didático. Mensurar impactos é muito mais matemática do que o show esportivo em si. “Mede-se” o resultado final, mas, na verdade, o que importa é “avaliar” o resultado. A mensuração serve para  verificarmos se uma ação teve impacto ou não e por quê. Isso pressupõe que tenhamos um foco bem definido, objetivos bem traçados e padrões de mensuração bem delineados.

No planejamento de uma ação de marketing, deve ficar explícito o que pretendemos fazer e alcançar, fase por fase, de forma segmentada para cada  stakeholder, e como mensurar os resultados depois. Enfim, devemos ter bem claro como nossa ação vai se desenvolver em diferentes momentos.

Em marketing, se não tivermos objetivos precisamente definidos, não chegaremos a bons resultados. No marketing esportivo patrocinado é a mesma coisa. Se fizermos um bom planejamento, nossos esforços vão ter, com certeza, um resultado melhor. O futebol é um bom exemplo do que é ter uma meta. Se fizermos mais gols do que o adversário, ganhamos o jogo. Não basta apenas saber que a bola tem que entrar na rede. Se não formos capazes de conseguir isso, por qualquer motivo, não atingimos nosso objetivo.

Então, para cada ação de marketing que iremos patrocinar, temos que saber claramente se se trata de promover vendas ou marcas e quais são os objetivos a serem atingidos em relação a cada grupo de stakeholders – acionistas, clientes, comunidades, concorrentes e assim por diante. Temos de atuar de maneira clara e precisa. A meta é atingir 122 acionistas? Se fizermos 100 contatos, não alcançamos nossa meta; se os contatos realizados chegaram a 150, superamos nosso objetivo. Vamos realizar um evento e queremos atingir 30 mil pessoas. Se conseguimos reunir 32 mil, a avaliação é excelente. São dois exemplos que mostram o que é a mensuração e a avaliação.

No marketing esportivo, temos três grandes cases que praticamente todos os profissionais de marketing comentam: Banco do Brasil, Leite Moça e Rexona. Quando o Banco do Brasil começou a fazer marketing esportivo, ou seja, a vincular sua marca ao esporte, já faz duas décadas, ele se deparava com uma necessidade muito bem identificada: rejuvenescer a marca, que se achava muito voltada a fazendeiros e agricultores. Por estudos feitos na época, o banco chegou à conclusão de que, aliando a marca ao esporte, conseguiria rejuvenescer-se mais rapidamente do que por meio de campanhas tradicionais de propaganda. 

Com o Leite Moça ocorreu a mesma coisa. Quando ele optou pelo marketing esportivo, por um investimento mais forte no esporte, a marca passou a atingir uma faixa etária muito mais jovem. Quanto à Rexona, ela estava patinando e não conseguia emplacar, perdendo continuamente para os desodorantes de outras marcas, principalmente da Avon Cosméticos. Entrando no marketing esportivo, com o técnico Bernardo Rocha de Rezende, o conhecido Bernardinho, ela chegou a grandes resultados, conquistando o primeiro lugar no segmento do voleibol e logo atingindo o Top of Mind entre as marcas mais populares em pesquisa realizada pelo Datafolha. Tudo isso era mensurável. Quero rejuvenescer a minha marca. Em que proporção consegui o objetivo? A clientela do Banco do Brasil rejuvenesceu-se em mais de dez anos. Com a Leite Moça aconteceu a mesma coisa. E a Rexona permanece, até hoje, em primeiro lugar.

Formas de mensuração e avaliação
Como podemos mensurar e avaliar resultados? Os principais sistemas que utilizamos são: o  clipping, a Informídia® e o Photomind®. Normalmente, se usa mais o clipping, que diz respeito à apuração, à coleção e ao fornecimento de recortes de matérias publicadas em jornais e revistas a respeito de determinado tópico, pessoa, instituição etc. No caso da mídia eletrônica (rádio e televisão), é a mesma coisa, só que, em vez de recortes, se fornece ao interessado um conjunto de gravações. O clipping, por sua simplicidade e seu menor custo, é a forma mais usada para mensurar resultados e montar dossiês de avaliação. Esse procedimento pode gerar exclamações como: “Veja que tamanho de clipping! Isso foi um sucesso!” Em casos positivos, se costuma afirmar que,quanto maior o clipping, maior o retorno do patrocinador. Por exemplo, temos o exemplo de um clipping  do que saiu nos jornais   O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo sobre o skate. O Estadão o mostrou como o segundo esporte paulistano, logo depois do futebol, e que vem superando obstáculos sociais e conquistando a geração jovem. A Folha apresentava o Brasil como a segunda maior potência nessa modalidade, com 2 milhões de praticantes. Mas muitas vezes também acontece justamente o contrário: se o noticiário for desfavorável ao patrocinador ou à modalidade esportiva, quanto maior o clipping, tanto pior.

Quase nunca se utiliza toda a potencialidade do clipping. Normalmente, só se faz a apuração do espaço, avaliando quanto este custaria se o patrocinador tivesse precisado comprá-lo na mídia. O dossiê apresentado ao cliente ou ao patrocinador dirá, por exemplo, que “o espaço conseguido foi de uma capa inteira e duas páginas duplas em cores”. Quanto vale isso, considerando os preços de comercialização do veículo? O preço de tabela do veículo é de 358 mil reais por página em cores. O dado fornecido é então: três páginas no valor de 358 mil reais. O que isso quer dizer para os interessados (patrocinador, empresa de assessoria etc.)? Devemos saber muito mais do que isso. Quem leu? Quantos leram? Que tipo de leitura fizeram? Foi bom para o patrocinador, para o promotor e para a modalidade esportiva? Ou seja, é preciso que se faça uma análise mais profunda do clipping. Dois milhões de brasileiros praticam o skate e fazem do país a segunda maior potência desse esporte. O que significa isso em quase 1,5 milhão de exemplares do Estadão e da Folha somados? Com certeza, o valor excede em muito o preço total desse espaço pelas tabelas dos veículos.
Esse valor é que tem de ser ponderado. 

É o que se faz com a Informídia®. Pega-se o clipping, tanto de páginas impressas como de gravações eletrônicas, e se  procede a uma análise muito precisa de espaço e tempo ocupados por um assunto, de seu valor real, do público que foi atingido etc. É um procedimento muito mais científico, suplementado pelo Photomind®, processo pelo qual se fotografa e se mede o grau de memorização dos diversos públicos após a realização de um ou de uma campanha publicitária. Então, o que interessa mais? O simples clipping, que mensura o espaço conseguido, ou Photomind®, que retrata o que ficou gravado na mente das pessoas? Com certeza o Photomind®.  Quando investimos milhões de reais em propaganda, não queremos saber qual é o tamanho da campanha, mas o que ela deixou gravado na mente das pessoas, que grau de convencimento provocou nelas.

Trago aqui dois exemplos já mais antigos. Trata-se de aferições baseadas somente em visibilidade. O primeiro caso era da Tim, operadora de telefonia celular. Resumidamente, a análise de Informídia® revelou que, em um período de 107 dias, a marca teve uma visibilidade de 84 dias, ou seja, de 78% do período. Os jogos de que ela participou somaram 226 mil segundos e ela apareceu em 59 mil segundos, de 60 mil segundos. Podemos avaliar o retorno que ela obteve. A  receita total dos jogos foi de 57 milhões de reais e a da Tim, de 19 milhões de reais. Ou seja, tendo investido 1,25 milhão de reais, ela teve um retorno de 19 milhões de reais. 

Do ponto de vista financeiro, foi um ótimo resultado. Outro caso foi o da União, marca de açúcar mais vendida no Brasil. Ela teve uma visibilidade muito grande. De 42 milhões de domicílios do Brasil, ela esteve presente em 30 milhões, atingindo mais de 90 milhões de pessoas. Ela investiu 735 mil reais, que, na época, davam para pagar quatro aparições no Jornal Nacional. Seu retorno foi de 5 milhões de reais, o equivalente a 27 inserções no mesmo noticiário da TV Globo. Foi um retorno muito grande.

Conquistar a mente e o coração
Mas será que tudo isso teve efetividade e eficácia?  Ou a Tim e a União simplesmente angariaram um incrível retorno financeiro, sendo que as pessoas não gravaram suficientemente bem suas mensagens? É aí que entra o Photomind®. O verdadeiro mercado está na mente das pessoas, não nos showrooms ou nas gôndolas dos supermercados. 

Conquistar um lugar nas mentes é muito mais significativo e duradouro, é para a vida inteira. Somos fiéis às marcas que nos cativaram. Lembremo-nos, por exemplo, da campanha “Não esqueça a minha Caloi”, que ecoou na cabeça de crianças e adultos por volta das décadas de 1970 e 1980. Ela repercute até hoje. Em toda palestra que fazemos sobre o assunto, determinada faixa etária se lembra dela e continua tendo a bicicleta Caloi no coração.

Até pouco tempo atrás se dava muita importância ao market share. Depois se evoluiu para o share of mind, chegando-se à conclusão de que é muito mais importante conquistar lugar na mente das pessoas do que no mercado. Em pesquisas sobre marcas, a mais citada tem o maior share of mind.  E hoje já se fala em share of heart, o vínculo afetivo do consumidor com uma marca, estabelecido a partir de uma necessidade ou até mesmo por meio de um bom relacionamento de acordo com estratégias específicas de marketing. Nisso o esporte é campeão: só ele consegue isso.

Vejamos o Photomind® de um case da Caixa Econômica Federal. Patrocinando o Comitê Paraolímpico Brasileiro, ela não estava obtendo o retorno esperado para os investimentos. 

Tendo-nos contratado, fizemos uma campanha que, na época, foi bem interessante. Na pesquisa final, depois do clipping e da análise de Informídia® procuramos ver, entre outras coisas, qual era a percepção da imagem da Caixa quanto a tal iniciativa. Fizemos isto em vinte capitais. Perguntados se tinham tomado conhecimento de algum evento de esporte paralímpico nos últimos meses,  87% declararam que sim. Para quase 90%, o nome do evento era Paralimpíada. “Quem era o patrocinador?” Caixa Econômica Federal, foi a resposta predominante. Só que a Caixa não patrocinou as Paralimpíada, mas uma campanha nacional em prol do Comitê Paralímpico Brasileiro. O Banco do Brasil também nada tinha a ver com a Paralimpíada, mas foi mencionado. O patrocínio da Visa e da Coca-Cola às Olimpíadas não apareceu tanto como o apoio da Caixa ao Comitê Paralímpico Brasileiro. 

“Quem foi o locutor da Olimpíada?” Vejam que interessante: Luciano do Valle, da TV Bandeirantes, foi tão mencionado quanto Galvão Bueno, da TV Globo. Só que Luciano não narrou a Olimpíada, mas os boletins da Caixa que produzimos para distribuição no Brasil. Uma pergunta importante era: “O que você acha de atitudes como as desse patrocinador para a comunidade?” Para 97%, elas eram importantes, muito importantes ou importantíssimas. O patrocínio da Caixa a esses eventos era muito importante ou de média importância para 84%. Isso é o que ficou da imagem da Caixa com esse trabalho que ela fez. Muito mais expressivo do que as análises de clipping e de Informídia® foi identificar o que se reteve na mente e no coração dos cidadãos.

RankSport Marketing: planejamento como chave do sucesso
A mensuração precisa estar baseada em alguma coisa que foi pré-colocada, desde o planejamento. Então precisamos saber como planejar e por que planejar. Se quisermos investir na Bolsa de Valores, buscaremos saber qual é a melhor ação, quem é seu emissor etc. No marketing esportivo, é preciso fazer a mesma coisa. Criei e mantenho o RankSport Marketing, que lista 55 modalidades esportivas, do atletismo ao xadrez, analisadas segundo vinte critérios de marketing. Avaliamos o que cada modalidade representa para potenciais investidores. O objetivo é fortalecer o marketing esportivo, propiciando um relacionamento mais eficaz entre a oferta e a demanda. Esses vinte critérios são distribuídos em dois grupos: um se relaciona com a adequação das modalidades às necessidades mercadológicas da empresa; o outro se liga a atributos que determinada modalidade esportiva agrega a determinada marca que nela está lincada. Quais são esses critérios? Adequação ao sexo, às faixas etárias e às classes socioeconômicas, cobertura geográfica, consolidação da modalidade, consumo que ela pode gerar, mídia com a qual se relaciona, investimento necessário, link com a imagem da patrocinadora etc. Tudo isso é muito importante.

Para patrocinar o voleibol, é preciso fazê-lo do Banco do Brasil para cima, senão tudo o que se fizer para esse esporte será agregado à marca dessa instituição. Tivemos a seguinte experiência: montamos um time, o União São Caetano, e na primeira pesquisa em que procuramos identificar o conhecimento da população sobre quem era o patrocinador do União, apareceu em primeiro lugar o Banco do Brasil. Demorou para a maioria ficar sabendo que o patrocinador era o Açúcar União. E, mesmo assim, o Banco do Brasil continuou sendo lembrado por muito tempo.

Outros critérios que consideramos são, por exemplo: população que pratica determinado esporte, se se trata de um esporte jovem, se ele tem status, se  sua imagem é fashion ou tecnológica, se a modalidade permite uma brand experience que todas as empresas buscam. Tudo isso gera um grande banco de dados para cada uma das 55 modalidades. 

Posso também fazer uma análise de acordo com os objetivos da marca. Quem entrar em nosso site verá que se pode personalizar isso. Há vinte e nove opções para sabermos o que a marca quer, quem é o consumidor etc. Aí o próprio programa gera uma ficha mostrando qual o target desse cliente, de acordo com o que ele colocou lá, dando um ranking específi co para aquela marca. Qual a modalidade esportiva mais adequada para a marca? 

Logicamente, apresento aqui apenas um resumo. Enfim, hoje o consumidor, mais do que produtos, “compra” experiências que a marca proporciona. E nada melhor que o esporte para propiciar isso. Fizemos um evento para mostrar o que seria a tal brand experience. Depois a Mastercard recebeu de um dos participantes um e-mail que dizia mais ou menos isto: “Gostaria de lhes agradecer pelo convite. Levar a Marina, minha filha, pela primeira vez a um estádio, para assistir a um jogo da seleção brasileira de futebol, com um gol do Ronaldinho, não teve preço. Parabéns pela organização!”. Essa brand experience vai permanecer na mente desse pai e dessa garota para sempre.

A visibilidade da marca é apenas uma das vantagens do marketing esportivo. Muitos dos grandes patrocinadores só se preocupam com ela – quanto ela  vai  aparecer na televisão, no jornal etc. E grandescorporações compram patrocínio esportivo só porque é uma mídia mais barata. Mas as principais vantagens de vincular uma marca com esporte estão no que isso agrega a ela em termos de valores e no que realmente impacta os seus negócio.
Palestra proferida por José Estevão Cocco no XV Seminário de Comunicação do Banco do Brasil – A Importância Social da Informação. !5 a 17 de setembro de 2010.

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