Por José Estevão Cocco
Há várias décadas que ouço
falar do tal de Custo Brasil.
E também há várias décadas
e vários governos que se insiste em desconsiderar o assunto.
Cada vez que a indústria
chora, providencia-se uma mamadeira morna e tudo fica por isso mesmo.
De medidas pontuais em
medidas pontuais vai se empurrando com a barriga. Medidas protecionistas e
reservas de mercado que apenas pioram a situação.
Nos primórdios da
Informática, nosso mercado ficou totalmente fechado beneficiando um grupo ou
outro. Telefones a preços escorchantes, computadores idem. O contrabando
comendo solto. Após esses 20 anos, como não dava mais como segurar, foi
semiaberto o mercado. Como não tivemos desenvolvimento no setor, não tivemos
produtos nem mão de obra especializada. Agora se fala em subsídios para
fabricação de semicondutores no Brasil. Não é o fim da cara de pau!?
Esse exemplo se aplica a
centenas de outras atividades. Inclusive e principalmente na indústria
automobilística no episódio das carroças.
Esse novo pacote de
"bondades" feericamente apresentado como salvação da Pátria, teve a
pior repercussão possível. A chiadeira foi unânime.
De que adianta baixar o
custo da folha de pagamento de maneira absolutamente enganosa?
O valor da folha de
pagamento tem embutidos os verdadeiros e exorbitantes custos da mão de obra no
Brasil.
Esses custos englobam o
13º, os 10 dias em dinheiro além dos 30 dias de férias, o famigerado FGTS e os
absurdos 60% de multa na dispensa do funcionário relapso e sem qualquer
comprometimento com a empresa, desestimulando a meritocracia, os custos
obrigatórios com sindicatos patronais e de empregados, o recente acréscimo de
mais um mês de aviso prévio de acordo com a quantidade de anos trabalhados, o
custo exorbitante e extra de assistência médica apesar do recolhimento ao INSS,
os custos de formação da mão de obra - obrigatoriedade do governo, mas arcado
pela empresa - que qualificam o funcionário que, depois de treinado/formado vai
em busca de outra empresa. Além de tudo isso, as empresas brasileiras ainda são
obrigadas pela falta do governo a proverem cursos educacionais e creches, etc.,
etc , etc...
Mas o pior de tudo isso é o
que realmente fica no bolso do trabalhador. Faça as contas subtraindo do total
do custo dos empregados o valor líquido que o funcionário recebe! É um absurdo
e inacreditável. Menos do que cerca de 30%. Se uma empresa gasta, por exemplo,
R$ 100,00 com determinado funcionário, o valor que ele recebe é de menos do que
R$ 30,00! O restante é do governo.
Se não existisse essa
parafernália toda, os 70% que não chegam ao trabalhador poderiam dobrar o valor
líquido de seus salários. Essa sim seria uma maneira de valorizar o trabalho,
tirando de circulação os sanguessugas da massa trabalhadora e os burocratas de
plantão permanente.
E, ainda, livraria as
empresas de seus batalhões de funcionários dos RHs que, por maiores e
especializados que sejam, não conseguem acompanhar a avalanche de leis, normas,
resoluções, acordos e tudo o mais. Portanto os 20% do INSS, que abatido o
percentual do faturamento, viram menos do que 9% e, assim mesmo, para alguns
segmentos.
O trabalhador brasileiro é
muito "protegido" e muitíssimo mal pago. E caríssimo para a empresa.
Vide as estatísticas mundiais recentemente publicadas.
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