Por José Estevão
Cocco
Faltam 1.000 dias
para as obras da Copa 2014 ficarem prontas de acordo com os cronogramas da
FIFA, sem considerar a Copa das Confederações.
Serão os 1.000 dias
mais caros que o Brasil já presenciou durante todos os tempos. E olha que
muitos absurdos já ocorreram neste país.
Mais caro para a
Nação e todos os cidadãos pagadores de impostos. Tudo o que não foi feito
durante pelo menos oito anos, com planejamento, honestidade de propósitos,
disputas políticas irresponsáveis, e outros interesses menos confessáveis, terá
que ser feito mal e porcamente por preços aviltantes e revoltantes para nós
cidadãos.
Tudo o que as
grandes construtoras ajudaram a empurrar para a última hora, os nossos
governantes assistiram acuados e desatinados. Infelizmente, como o previsto,
não deu tempo. Aliás, trabalharam brilhantemente para não dar tempo. Atividades
urgentes custam muito mais caro. Custam preços extorsivos. Desde a compra de
materiais e serviços até as jornadas de trabalho diuturnas. Ou dá ou desce.
Anos atrás,
coincidentemente quando faltavam exatamente 2014 dias para a Copa no Brasil,
fiz uma palestra em importante evento realizado no Anhembi, dividindo a mesa
com o então secretário de esportes do estado de São Paulo e o presidente da
SPTuris, onde manifestei a preocupação com o
atraso do Brasil em relação os preparativos para a realização da Copa de 2014.
Desde essa época,
venho acompanhando, atonitamente, as idas e vindas das autoridades, dos
fornecedores, dos aproveitadores e, consequentemente, das cidades e estados
sedes. Todas as culpas e ineficiências são jogadas em cima das "exigências
da FIFA", que nesse episódio é a única das partes a ter tudo claro e
explícito, desde a negociação para realização do magno evento no Brasil.
É como assistir a
um teatro do absurdo.
Se o governo sentiu
que estava sendo pressionado (para não usar termo mais agressivo) pelo mercado,
por que não abriu concorrência internacional provocando disputa séria e honesta
no mercado. Ao contrário, deixou chegar a tal situação, que precisou criar a
famigerada RDC aos 48 minutos do segundo tempo.
Se este espaço
permitisse poderíamos nos deter sobre inúmeros outros exemplos.
Um recente exemplo
que está para ser atentado sobre os cidadãos paulistanos: o benefício fiscal
(dinheiro dos cidadãos dados como fundo perdido) de R$ 420.000.000,00 para
preparação de um estádio particular sediar a abertura da Copa.
Diz claramente o
presidente do Corinthians que esse valor é para adaptar o estádio de Itaquera
para a abertura da Copa. Se não precisar dessa adaptação, o Corinthians faz o
seu estádio sozinho, somente com o financiamento do BNDES, também totalmente
subsidiado pelos brasileiros pagantes de impostos, diga-se.
É um acinte. O
estádio do Morumbi precisava praticamente da metade desse valor para adaptar o
estádio para a abertura da Copa.
Qual a razão dos
governantes da cidade não terem se empenhado da mesma forma? Explica aqui para
este eleitor idiota que votou nesse governante.
E os estádios do
Palmeiras e do Pacaembu que seriam alternativas e também custariam muito menos
do que isso?
Sob o ponto de
vista do marketing, São Paulo não precisa da Copa. Nosso parque hoteleiro está
com plena ocupação, nossa imagem internacional é de um estado pujante, tecnologicamente
desenvolvido, paga os melhores salários, tem um comércio desenvolvido, uma
indústria importante, um setor de serviços respeitado, as maiores e mais
qualificadas audiências em mídia, os maiores patrocinadores, a propaganda mais
premiada, as melhores estruturas de feiras e exposições entre centenas de
outros exemplos. O maior destino internacional dos vôos nacionais e
internacionais é São Paulo.
Os outros estados,
praticamente não precisam aumentar seus aeroportos, diferentemente de São
Paulo. As obras que São Paulo precisa não são para a Copa 2014, são para agora.
E sem compactuar
com a orgia dos 1.000 dias.
José Estevão Cocco:
Presidente da Abraesporte - Academia Brasileira de Marketing Esportivo e da
J.Cocco Sportainment Strategy