quinta-feira, 15 de julho de 2010

Copa 2014 e os estádios. Os Belos Antônios.

Por José Estevão Cocco

Para quem não se lembra, "O Belo Antônio" foi um filme de grande sucesso, dirigido por Mauro Bolognini em 1960, com Marcello Mastroianni e Claudia Cardinali. As mulheres se apaixonam pelo belo e vistoso Antônio porque imaginam que ele seja o "amante ideal" mas, na realidade, ele é impotente. Ele casa com Bárbara, uma jovem rica, que só descobre a verdade sobre Antônio depois do casamento. Tinha um marido belo, disputado mas era só aparência. Todas as mulheres da região tinham inveja da Bárbara. Mas ele era apenas um cartão-postal.

Antes de mais nada, somos totalmente favoráveis à realização da Copa FIFA 2014 no Brasil. Com certeza, ela trará um novo tempo para a marca Brasil internacionalmente e grande legado cultural, educacional e de infraestrutura. Milhares de oportunidades para pequenas, médias e grandes empresas. Porém, entendemos que toda oportunidade de negócio tem um valor. Um preço que contemple as partes envolvidas.



Todos nós concordamos que os estádios de futebol serão os cartões-postais de 2014. O que se deve discutir é a conveniência de se construir 12 "Belos Antônios". Os interessados na construção dos estádios estão com lobby fortíssimo junto à mídia e autoridades para que sejam deflagradas as construções de forma a se tornarem irreversíveis.

O que está pegando na roda para o início das construções? É que, somente agora, a maioria das cidades-sedes caiu na realidade. As obras que serão bancadas pelos governos municipais e estaduais, ou seja, pelo dinheiro do povo, não estão nem aí se o investimento valerá à pena ou não. Por sua vez, as que dependem do investimento privado ou do empréstimo do BNDES, que exige demonstração de que o empreendimento é viável e tem sustentabilidade após a Copa, estão sendo repensadas.

Quando se fala do Morumbi, sem bairrismo nem "torcedorismo", o problema da volta atrás é simplesmente em função do retorno do investimento. O São Paulo F.C. e a cidade de São Paulo agiram de forma responsável e consequente. Não é viável, financeira e economicamente, investir um valor desproporcional num estádio ou arena que após a Copa só deixará dívidas impagáveis. Entendo que todas as cidades deveriam analisar os investimentos com esse critério. Não importa se tem capacidade de investimento ou não. Importa se o investimento é sensato e proporciona um legado justo para o cidadão.

O mesmo dinheiro não investido nos estádios desproporcionais não precisa ser economizado por investidores e poder público. Construam-se arenas multiuso sensatas com a capacidade mínima exigida pela FIFA e invista-se o restante em obras de verdadeiro legado ao cidadão como aeroportos, transporte, educação, entre todos os outros. Preveja-se a utilização da arena após a Copa. Invista-se em marketing sobre a cidade para atrair turismo e negócios permanentes, muito além dos dois ou três jogos.

Pense-se que construir um enorme e desproporcional estádio com capacidade para a abertura da Copa, sem ter essa certeza, é uma aposta absurda. É produzir mais um “Belo Antônio”. Grande, bonito e que não funciona.

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