Por Erich Beting – UOL Esporte
Daniele Hypólito colocou em pauta, via Twitter, uma interessante discussão para o esporte. Um dos principais nomes recentes da ginástica artística brasileira, Daniele desabafou que não consegue um patrocínio, mesmo tendo bons resultados esportivos. Tamanha desilusão fez com que a ginasta também questionasse o futuro dos atletas no país e, mais do que isso, qual o legado que os Jogos Olímpicos de 2016 deixarão ao país.
É absolutamente justo Daniele colocar o dedo na ferida e expor uma situação delicada que ela passa, mas desde que tenha sentido fazer esse desabafo. Sim, ela é uma dos maiores nomes da ginástica brasileira, tem em seu currículo muitas vitórias, excelentes resultados no passado e bom desempenho na atualidade. Mas será que ela é um bom produto para uma empresa investir?
Essa é a grande questão que tem de ficar na cabeça de quem busca o patrocínio. Por que uma empresa deve se associar a um atleta ou a um clube?
Patrocínio não pode ser encarado como caridade. Nem de um lado, nem de outro. Com a evolução do esporte como ferramenta de comunicação para as empresas, naturalmente não será mais uma ajuda que uma marca dará ao seu patrocinado, mas sim a busca de resultados que ele possa alcançar. Nesse sentido, nem sempre é o desempenho esportivo o que mais conta. Uma empresa pode buscar no esporte algum atributo que aquele atleta ou aquela modalidade traz. E isso não está atrelado necessariamente ao desempenho.
Um bom exemplo disso é a ex-tenista Anna Kournikova, uma das mais ricas do circuito sem ao menos ter vencido um torneio individual. Para as marcas, a imagem que ela representava era mais importante do que o desempenho em quadra. Da mesma forma, as gêmeas do nado sincronizado Bia e Branca Feres conseguem muito dinheiro explorando o lado sensual e a comunicação com o público jovem do que pelo que fazem nas piscinas.
Daniele Hypólito tem todo o direito de reclamar. Mas será que não falta aos atletas brasileiros ter um elaborado trabalho de valorização de sua marca, mostrando que não é só o desempenho esportivo que eles possuem um garantidor de retorno para o patrocínio?
Um dos bons reflexos de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no Brasil é que as empresas passarão a entender melhor como investir no esporte. Falta o atleta compreender que a fase do "paitrocínio" está próxima da extinção.
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