terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Futuro do Futebol Brasil (1): o Brasil pode ser considerado o país do futebol?



José Estevão Cocco

Para responder a essa pergunta, é preciso conceituar futebol. Se a referência for sobre um futebol profissionalizado, com planejamento, objetivos claros, sem interesses ocultos, despolitizado (na acepção mais negativa do termo), com administração profissional moderna e dinâmica a resposta deve ser um sonoro não.

Ainda é o melhor futebol do mundo? Lógica e comprovadamente também não. Vide nossas participações internacionais, em diversas categorias, torneios, jogos amistosos e campeonatos. Nossos atletas já não são mais unanimidades no exterior. Nossos times, por diversos motivos, não realizam jogos internacionais.
Na última divulgação do ranking FIFA de seleções, o Brasil ocupa a humilhante (negocialmente falando) 18ª classificação. Estamos atrás de Espanha, Alemanha, Argentina, Itália, Colômbia, Inglaterra, Portugal, Holanda, Rússia, Croácia, Grécia, Equador, Suiça, Costa do Marfim, México, Uruguai, França...
Comparando a média de público nos estádios nos campeonatos nacionais, somos a 13ª média com apenas 14.997 espectadores por jogo, com ocupação média de meros 44% dos lugares dos estádios.

A Alemanha tem uma média de 45.000 espectadores por jogo e uma ocupação de 93% da capacidade dos estádios.

A Inglaterra tem uma média de 97%. A Holanda 90%. A segunda divisão inglesa tem a ocupação média de 70%. A segunda divisão alemã 60%.

Brasil, o falado país do futebol, tem um público total (5.700.000 espectadores) praticamente igual à segunda divisão alemã e quase a metade da segunda divisão inglesa (10.000.000 de espectadores).
Como os números não mentem, é preciso repensar urgentemente o melhor futebol do mundo. Sob todos os ângulos de visão: administrativo, organizacional, técnico, estratégico...

O futebol brasileiro precisa pensar no seu futuro. As pesquisas, levantamentos e observações mostram claramente que os jovens já não estão conectados apaixonadamente pelo futebol, sejam clubes ou seleções. O que isso significa, a médio prazo, em termos de desenvolvimento do mercado esportivo, dos clubes, das receitas, dos patrocínios.

Todos sabemos que a Copa de 2014 é “uma fada de dois legumes” (como diria o saudoso Vicente Matheus). Nesse caso, estão em jogo o desempenho da seleção e da realização da copa que, pelo que parece, não vai ser das melhores.

Nos próximos artigos, vamos analisar outros importantes aspectos como “O esporte brasileiro é público ou privado?”, “Quais as razões para o Brasil não ter uma política estratégica para o desenvolvimento da indústria do futebol?” e “Qual a razão de não haver  técnicos brasileiros em times importantes do exterior?”.

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