quarta-feira, 26 de maio de 2010

Entrevista: J.Cocco explica as fan fests

"No Brasil, as fan fests vão estourar. Na Alemanha, foram 18 milhões, aqui teremos 60 milhões"

Confira a entrevista concedida por José Cocco para Marcos de Sousa, do Portal Copa2014

"Brasil deve investir em marketing
positivo para a Copa de 2014"
José Estevão Cocco é diretor-presidente da J.Cocco Sportainment e entrou no mundo da propaganda e marketing em 1958. Autor da memorável campanha "Não esqueça da minha Caloi", criador dos Passeios Ciclísticos da Primavera, Cocco ostenta em seu portfólio cases de sucesso como o Programa Mulheres Que Fazem o Brasil Brilhar, da Bombril, Extra Bike Brasil, Copa Coca-Cola, Fórmula Renault do Brasil e Copa Clio do Brasil, entre inúmeros outros. Nesta entrevista, realizada por telefone, J.Cocco fala sobre o potencial das fan fests no Brasil, explica as normas da Fifa para a transmissão dos jogos em locais públicos e revela seu novo projeto o Pró 2014, que pretende estender o legado da Copa de 2014 a milhares de cidades do país.
O que é exatamente uma fan fest?

Ninguém gosta de torcer pelo seu time sozinho; todos preferem reunir amigos e parentes para um churrasco, uma bebida e assitir aos jogos pela TV. A idéia de reunir pessoas em locais públicos para torcer pelos jogos também é muito antiga. Na Copa de 1966, quando ainda não existia a transmissão dos jogos ao vivo, uma empresa colocou um grande telão formado por lâmpadas em frente ao Teatro Municipal, em São Paulo, e instalou um sistema de alto-falantes para transmitir o áudio das transmissões de rádio. A lâmpada indicava a posição da bola a cada momento e o clima de emoção era dado pela locução do rádio. Milhares de pessoas se juntaram para acompanhar os jogos e torcer juntos. Depois do advento da transmissão via TV, em 1970, as pessoas acostumaram-se a ver os jogos assim, em praças, bares, restaurantes, parques e centros culturais. Em 2006, a Fifa concebeu um formato para essa atividade, definiu lugares, estabeleceu regras e deu o nome de fan fest.

Então, a marca pertence à Fifa...
Exato. A primeira experiência foi feita na Copa da Alemanha, com um sucesso inesperado. Eu tive a oportunidade de estar lá e vi que as áreas ficaram supelotadas, os telões não eram tão grandes, e houve até falta de banheiros químicos. Eles não esperavam tanta gente. As aglomerações chegaram a reunir quase 1 milhão de pessoas. Devido ao sucesso, eles decidiram cercar isso como uma fonte de renda e propriedade da federação.

E agora, com a regulamentação da Fifa, como ficam as reuniões informais?

Quando não houver exploração comercial - leia-se cobrança de ingressos - pode-se fazer. Se cobrar ingresso,a Fifa terá uma participação e diz que encaminhará parte do resultado a ONGs de ação social na África do Sul.

Nos eventos patrocinados, como isso funciona?

Tem de ser com patrocinadores da própria Fifa, ou da Globo, que é a emissora que detém os direitos de transmissão aqui no Brasil. Caso sejam outros patrocinadores, não podem ser concorrentes e devem ser empresas nacionais. Com isso, eles praticamente inviabilizaram qualquer ação comercial porque não há patrocinador que se enquadre nessas diretrizes, salvo algumas pequenas empresas.

Então a transmissão é livre em bares, restaurantes, praças e centros culturais...

Não é livre, porque pelas normas da Fifa/Globo, o sinal nesses eventos precisa ser da Globo. Eu participei de um evento na ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing e na ocasião foi feita uma pergunta ao representante da Globo sobre como seria a fiscalização. Na época, em setembro de 2009, eles ainda não sabiam como controlar isso. E como essa prática já faz parte da cultura nacional, de fato, vai ser mais difícil. Sabemos de centenas de restaurantes e bares em todo o país que já estão preparando suas festas da Copa. Além disso, há inúmeras prefeituras que farão reuniões de torcedores em ginásios, praças, estádios.

Para essas festas que nomes podem ser usados?

Nesta Copa de 2010, há ainda uma série de expressões livres. Além disso, existem inúmeras possibilidades de referir-se à Copa do Mundo sem usar estas palavras. Você pode usar a camisa amarela, a imagem dos jogadores, o nome da África do Sul, tudo sem pirataria. O problema vai ser mais grave em 2014, porque a Fifa registrou uma série de marcas relacionadas à Copa no Brasil. Aqui no Brasil as fan fests vão estourar. Se na Alemanha foram 18 milhões de participantes, aqui no brasil teremos 60 milhões.

Mas a Copa de 2014 não vai ser muito engessada pela Fifa?

A copa de 2014 vai ser interessante para o Brasil, mesmo com os contratos leoninos que a Fifa estabelece. Não estou falando das vantagens para as grandes empresas, porque os grandes patrocinadores já chegam aqui com contratos fechados com a Fifa, como é o caso das redes hoteleiras, operadoras de turismo, agências de venda de tiquetes. São pacotes já formados, estabelecidos. E o Brasil aceitou essas condições.

Nós registramos, há mais de um ano, a marca Pró 2014 para um projeto que estamos desenvolvendo voltado às cidades brasileiras, além das cidades-sede. O país tem cerca de 5,5 mil municípios e todos eles serão beneficiados pela presença da Copa de 2014. Nós desenvolvemos um pacote de serviços que poderão ajudar essas localidades a ganhar mais com a Copa.Todos os municípios poderão melhorar seus serviços de turismo receptivo, os meios de transporte, os restaurantes, e até setores como o vestuário, gráfico ou de fabricação de brindes (que podem ou não ter licenciamento), podem aproveitar a visibilidade que a Copa trará ao país. Esse nosso projeto Pró 2014 é exatamente para isso: assessorar as cidades na definição sobre o que elas podem ganhar com a Copa.

Quando vai ser lançado o Pro 2014?

O projeto será lançado em setembro: faremos um balanço da Copa da Alemanha, da África do Sul e da EuroPortugal, já que a EuroCopa teve um resultado primoroso. Vamos franquer em cada cidade, uma empresa que poderá usar nossos materiais e tecnologia para desenvolver açoes localmente.

Em sua visão, quais são os grandes desafios do Brasil até 2014?

Para os jogos, não há grandes problemas, porque os projetos dos estádios já estão equacionados. O problema maior está na amplificação de um certo marketing negativo, que poderá nos prejudicar. Há que definir uma campanha de marketing para mostrar ao mundo todo uma imagem positiva do Brasil. Que imagem o Brasil quer passar? O país precisa mostrar isso já nas áreas de turismo, indústria, esporte e cultura. E até agora, as empresa não têm esse norte e essa é uma tarefa que cabe ao governo federal, pelas mãos dos ministérios do Esporte e do Turismo.
 
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