segunda-feira, 26 de julho de 2010

Brasil X Rússia: da chuva no Maracanã a mais um peixinho em Córdoba.

Por Edison Tadayuki

Ontem, 25 de julho, à noite, a Seleção Brasileira de Voleibol, comandada por Bernardinho, conquistou o nono título da Liga Mundial Masculina, ao derrotar a Rússia por 3X1 (25/22, 25/22, 16/25 e 25/23), em Córdoba, Argentina. Ao superar os oito títulos da Itália, o Brasil passa a ser o maior campeão da história. Murilo foi eleito o melhor jogador da Liga Mundial e Mário Jr., que substituiu o Serginho, melhor do mundo, foi considerado o melhor líbero.

A data de hoje, 26 de julho, nos faz lembrar do início dessa jornada de conquistas do voleibol brasileiro, masculino e feminino. Foi há 27 anos que o Estádio do Maracanã foi palco do Grande Desafio Brasil X URSS. Um espetáculo gravado na memória de 96 mil espectadores, que lotaram o estádio ignorando totalmente a chuva que insistia em roubar a cena. Esse recorde, ainda não quebrado, de público numa partida a céu aberto é o marco inicial de um vôlei praticado com organização e com marketing esportivo de resultado, que transformou a modalidade no segundo esporte mais popular entre nós.



Se hoje o Brasil é considerado, pela Fédération Internationale de Volley-Ball (FIVB), o país onde se pratica e se administra o melhor vôlei do planeta, lembrando que há 219 federações nacionais filiadas à entidade, muito se deve ao trabalho realizado por dirigentes, comissão técnica, atletas, jornalistas, profissionais de marketing e patrocinadores, no início da década de 80.

Sempre é bom lembrar que o vôlei brasileiro teve um grande impulso graças ao trabalho desenvolvido pela CBV, a partir de 1975, quando Carlos Arthur Nuzman, atual presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), assumiu a presidência da entidade. Apostando no planejamento a longo prazo e no apoio da indústria privada, ele criou uma infraestrutura profissional para o vôlei brasileiro, que possibilitou o surgimento de novos talentos e grandes conquistas internacionais como a de ontem.

Já no final dos anos 70, algumas equipes paulistas (Paulistano, Pinheiros, Pirelli e outras) adotaram um regime semiprofissional. A partir de 1980, Atlântica Boa Vista, Pirelli e Supergasbrás implantaram o profissionalismo total, proporcionando aos atletas recursos para a dedicação exclusiva aos treinos e competições, e utilizando suas equipes para a divulgação de seus produtos e imagem.

O Grande Desafio de Vôlei - Brasil X URSS.

Sete anos depois de assumir a CBV, Carlos Nuzman começa a colher os primeiros frutos da parceria com empresas privadas: uma inédita medalha de prata no Campeonato Mundial masculino, disputado em 1982, em Buenos Aires. A de ouro foi conquistada pelos soviéticos. Em 1984, mais uma vez o Brasil teve participação brilhante nos Jogos Olímpicos de Los Angeles: outra medalha de prata, dessa vez perdendo para os americanos na final. Porém, nós ganhávamos a Geração de Prata.

O Brasil entrava para valer no cenário do vôlei internacional. A CBV firmara parceria com a empresa de marketing esportivo Promoação, do publicitário José Estevão Cocco, do narrador Luciano do Valle e do publicitário José Francisco Coelho Leal (Quico), que passou a realizar eventos promocionais para o vôlei. Em 1983, a CBV convida a seleção da União Sviética para uma série de quatro jogos amistosos em São Paulo, Recife, Vitória e Rio de Janeiro.

Contrariando a tradicional estiagem de inverno, chovia no Rio de Janeiro naquela noite de 26 de julho de 1983. O Maracanã, nosso templo do futebol, recebia 95.887 torcedores pagantes, formando o maior público de vôlei de todos os tempos. O jogo também foi transmitido ao vivo pela Rede Record e pelas ABC, dos Estados Unidos, e pela BBC de Londres.

Na quadra montada no centro do gramado, contrariando todos os incrédulos, campeões e vice enfrentavam um desafio em comum: como fazer para jogar debaixo de chuva sem escorregar e correr risco de contusão grave? Luciano do Valle, Paulo Russo, Juares Soares e Eli Coimbra narravam e cometavam cenas impossíveis nos dias de hoje. Astros do vôlei, técnicos e organizadores ajoelhados ou com rodos em punho na tentativa ingrata de secar a quadra.

A improvisação brasileira, com toques de inspiração soviética, entra em quadra. Um carpete rústico que servia de passarela foi utilizado para forrar a quadra. Fita de esparadrapo larga fazia a marcação da linha dos 3 metros e do funda da quadra. Tudo pelo respeito ao público que em contrapartida não arredou pé. Brasil 3 X 1 URSS. Muito além do desafio, uma vitória que emociona, ainda hoje, 27 anos depois. Do Maracanã para as quadras improvisadas nas ruas foi um pulo.

Era a nova mania nacional que nascia e que hoje comemora a nona Liga Mundial conquistada, vejam só, sobre a Rússia.

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Um comentário:

Anônimo disse...

OTIMA MATERIA MUITO LINDA

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