Por Erich Beting – Máquina do Esporte
"Se tiver que colocar dinheiro, vou colocar o quanto for necessário, até a hora que o bolso furar". Não, você não está de volta aos anos 80. A frase foi dita nesta quinta-feira, 30/9, por Salvador Hugo Palaia, o novo presidente do Palmeiras pelo menos pelos próximos 40 dias, ou enquanto durar o afastamento de Luiz Gonzaga Belluzzo da presidência do clube paulista.
A frase de Palaia revela o quanto a crise de gestão assola o futebol brasileiro. O desempenho da maioria das equipes neste Campeonato Brasileiro também evidencia esse quadro de falência de gestores esportivos na principal modalidade esportiva do país.
O que é pior é que, em 2010, a Série A do Campeonato Brasileiro tem tudo para fechar o saldo como um dos campeonatos com o maior número de patrocinadores e movimentação de dinheiro de empresas investindo em busca da exposição de suas marcas nas camisas. Talvez essa própria situação explique, um pouco, essa irracionalidade administrativa.
O futebol precisa de pouco ou nenhum esforço para que o dinheiro entre nos cofres dos clubes. Sendo assim, os dirigentes, obcecados pelo desempenho esportivo de suas equipes, comete atos inconsequentes na gestão desse dinheiro. O entra-e-sai de treinadores (com ou sem pagamento de multas rescisórias) é um dos termômetros para vermos o quanto a pressão pelo resultado afeta no equilíbrio da gestão do clube.
Metas não são planejadas e tampouco cumpridas.
Palaia herda, nesse momento, um clube endividado e com sérios problemas para saldar dívidas. Com dinheiro no bolso e vendo a necessidade de ter uma equipe vitoriosa para manter-se no cargo que chegou por acaso, o dirigente alviverde decide emprestar a fundo perdido. Filme que foi comum nos anos 50, 60, quando os valores do futebol eram infinitamente menores que os de hoje.
Enquanto os clubes não profissionalizarem os seus gestores, haverá espaço de sobra para pessoas endinheiradas ajudarem a pagar a conta e, em troca, terem benefícios enormes. Empresários, fundos de investimento em atletas e dirigentes que saldam as dívidas de curto prazo não condizem com um futebol cada vez mais rico.
O problema é que, tal qual no final dos anos 90, quando os grandes grupos de investimento entraram no país e injetaram milhões e milhões nos cofres dos clubes, quem cuida desse dinheiro não sabe o que fazer com ele e como obter o melhor rendimento das aplicações. A exuberância inconsequente dos clubes daquela época mostra que muito pouco foi aprendido. Os dirigentes continuam a amar os seus clubes, não entendendo que esse sentimento não combina com o futebol profissionalizado.
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